Para dar resposta à dúvida
levantada sobre o edifício do Hospital de S. Pedro do Sul, fiz algumas
pesquisas orais junto a pessoas com idade avançada e naturais desta cidade.
Vários foram os testemunhos e um dos amigos abordados fez-me chegar um livro
com a história da Santa Casa da Misericórdia de Santo António de S. Pedro do
Sul, de autoria de Manuel Barros Mouro. Longe estava de imaginar que o grande
impulsionador da construção do referido hospital estivesse ligado a Vilar de S.
Miguel do Mato. Com o devido respeito pelo trabalho do autor da obra, vou
tentar resumir a trecho que tem interesse para compreendermos essa ligação. António José de Almeida nasceu em Loureiro
de Nespereira Alta, freguesia de S. Felix, em 22 de Março de 1809. Ainda novo, emigrou
para o Brasil – Rio de Janeiro, onde se dedicou à arte de dentista, que
aprendera com o seu pai, que praticava medicina popular. Regressou a Portugal
entre Julho de 1847 e Setembro de 1849, senhor de uma avultada fortuna. Em 28
de Setembro de 1849, por escritura de esponsais feita em casa de seu irmão
Padre Manuel José de Almeida, no lugar de Vilar, da freguesia de S. Miguel do
Mato, de que este era pároco, promete receber como sua legítima mulher Maria
Antónia de Jesus, de 43 anos. Ficou a morar em Vilar e em 1851 comprou a Quinta
do Serrado, em Viseu e a Quinta da Negrosa de Cima, em S. Pedro do Sul. Passado
algum tempo, viria a mudar a sua residência para a Quinta da Negrosa. Em 19 de
Novembro de 1873, fez testamento cerrado, determinando que todos os rendimentos
e bens que sobejarem do cumprimento dos legados, sejam empregados na Fundação e
Manutenção de um Hospital destinado ao tratamento de doentes, sob a invocação
de Nossa Senhora do Amparo e será estabelecido na Vila de S. Pedro do Sul.
António José de Almeida faleceu em 4 de Abril de 1889, deixando viúva a nossa
conterrânea Maria Antónia de Jesus.